quarta-feira, 23 de setembro de 2009

DOM JOSÉ TUPINAMBÁ DA FROTA

Nesta semana, em que se comemora os 50 anos de morte de Dom José, o maior benfeitor de Sobral em todos os tempos, transcrevemos sua biografia que consta de nosso livro “Sociedade Sobralense – Vultos em Destaque”.

Com respeito a outras insignes figuras sobralenses, que dignificaram a Princesa do Norte no século XX, Dom José foi o timoneiro-mor do nosso barco pelo Rio Acaraú em todos os segmentos que soergueram e enobreceram nossa cidade. Nos nossos corações continua sendo o “Cearense do Século”, título que, talvez se já houvesse o “Setembro de Dom José”, pesava na opinião da mídia com maior propagação do seu nome. Bem cantado entre nós em prosas e versos, narrado por bons historiadores em livros, folhetos e jornais, nunca será demasiado repetir e ratificar - ainda que em síntese - o que já foi escrito e divulgado pelo merecimento conquistado nos seus 77 anos de sobralidade. O expoente máximo dos Frota. Filho de Manoel Artur da Frota e Raimunda Artemísia Rodrigues Lima. Nasceu em 10 de setembro de 1882, na Rua da Aurora, 231 (hoje, Domingos Olímpio), atual residência dos familiares do Dr. Antonio Frutuoso da Frota Filho. Desde o primário destacou-se nas escolas de Rita e Prof. Arruda, demonstrando, sobremodo, sua vocação ao sacerdócio. Rumo à Bahia. Ele próprio descreveu, segundo Cônego Sadoc. – “No dia 8 de agosto de 1897, indo eu pela manhã ao estabelecimento comercial de meu pai, apenas lhe beijei a mão, perguntou-me sem preâmbulo: - você quer ordenar-se? Imediatamente respondi: - Quero sim, senhor! E ele: - Quer ir para Roma? Extasiado com esta surpresa, respondi; - Quero sim, Senhor! - Pois bem, acrescentou ele, prepare-se para ir quinta-feira com o João Evangelista. Só lhe peço uma coisa: - Nunca seja vendedor de sacramentos”. Chegando à Cidade Eterna, via Bahia, em 1899, passou a residir no Colégio Pio Latino Americano e freqüentar as aulas na Pontifícia Universidade Gregoriana. Venceu com brilhantismo, reconhecidamente pelos colegas, todas as etapas do Curso de Filosofia, considerado uma das maiores cabeças metafísicas que passaram pelo colégio. Ao concluir os Cursos de Filosofia e Teologia, foi laureado com os primeiros prêmios em Teologia Dogmática. Depois do Subdiaconato (1904) e o Diaconato (1905), o jovem Tupi de 23 anos de idade, tornou-se o Pe. José Tupinambá da Frota, ordenado em Roma, a 29.10.1905, onde permaneceu por oito anos para concluir Doutorado em Teologia. A fim de reciclar e aprofundar seus conhecimentos para voltar ao torrão natal, excursionou pela Itália, Suíça, Austrália, França e Alemanha. Sete de setembro de 1906. O Pe. Tupinambá chega a Sobral, recebido triunfalmente. Embora quase a contra gosto, foi mandado lecionar Teologia Dogmática, Ética e Liturgia na Capital Paulista, em 1907. Sua vocação não era o magistério e sim o pastoreio das almas. Nomeado Vigário Geral de Sobral, em 10.02.1908, durante oito anos deu prova de sua capacidade espiritual, ardente fé cristã e empreendedora, voltada caritativamente aos pobres e enfermos, fundando dispensários para indigentes, bem assim a radical reestruturação da Igreja da Sé e demais capelas. Em 22.07.1916, o Pe. Tupinambá toma posse como 1º Bispo da recém - inaugurada (1915) Diocese de Sobral. Daí por diante, o timoneiro do barco sobralense, com o cajado da congregação do rebanho, visão futurista, foram intensas suas realizações. Fundou o jornal “Correio da Semana”, circulando a 1ª edição em 31.03.1918. O Seminário Diocesano para formação do Clero, como obra faraônica no bairro da Betânia, atualmente a UVA. Com sua formação romana, demonstrava, por seu amor ao berço, querer implantar o Vaticano em Sobral, quer pelas realizações arquitetônicas, quer pela maneira de proceder como Bispo e instruir seus padres na evangelização do povo. Ordenou “98” sacerdotes, seus apóstolos. Como vigário, por ocasião de missa celebrada na Matriz, em 1910, veio-lhe à mente a construção da Santa Casa, onde criara o Asilo da Mendicidade. Empreendimento de vulto, iniciada em 25.08.1912, cujo hospital inaugurou, como Bispo, em 25.05.1925. Lembrou-se também de veículo financeiro para sanear a economia da região, fundando em 27.11.1927, o Banco Popular de Sobral, transformado posteriormente em Bancesa, hoje extinto. Dom José era dotado de inteligência fulgurante, perspicaz e fértil assimilação. Possuidor de conhecimentos gerais dominava, além do nosso idioma, Latim, Italiano, Espanhol e Francês; razoavelmente Grego, Alemão e Inglês, bagagem cultural que o fazia preocupar-se com a formação secundária dos seus discípulos. Em fevereiro de 1934, inaugurou no dia 1º, o Colégio Sobralense para rapazes e no dia 2, o Colégio Sant’Ana para moças. Predileção especial aos necessitados e à velhice. Dava irrestrito apoio às Conferências Vicentinas, aos Círculos Operários e aos Dispensários dos Pobres. Construiu o Abrigo Sagrado Coração de Jesus para idosos desamparados, inaugurado em 08.09.1953, dez anos após a inauguração, em 04.05.1943, do Patronato Maria Imaculada para as crianças órfãs e abandonadas. Como pródigo pastor, cujas realizações materiais perpetuar-se-ão por séculos além, durante seus 8 anos como Vigário Geral e 43 no Bispado, manteve-se atento à formação dos seus paroquianos no campo religioso, moral, cultural e social. No século XX, por duas vezes, a gratidão dos conterrâneos esteve presente: o Congresso Eucarístico Diocesano, de 24 a 29 de junho de 1941, pelo Jubileu de Prata de Sagração Episcopal. O Congresso de Vocações Sacerdotais, de 24 a 29 de outubro de 1955, pelo Jubileu de Ouro de Ordenação Sacerdotal, ocasião em que a Santa Sé o agraciou com o titulo de Prelado Doméstico, Assistente ao Sólio Pontifício e Conde Romano. Dom José, sem querer aparecer, era ainda ouvido acerca das resoluções políticas da cidade e da Capital. Culto, mantinha correspondência com o Instituto Brasileiro de Genealogia, assunto que o fascinava e conhecia profundamente. Sócio também correspondente do Instituto do Ceará e Academia Cearense de Letras. Publicava artigos no seu Correio da Semana, com a abreviatura de J.T., com que expressava seu amor ardente às tradições religiosas, familiares e ao folclorismo citadino. Reunindo esse acervo cultural, deixou publicado “Traços Biográficos de Manoel Artur da Frota” e a “História de Sobral”, até 1941, obra renomada já em três edições. Por final, para solidificar a riqueza material e da cultura da região, em particular de Sobral, pacientemente, desde a década de 1930, organizou o Museu Diocesano, atualmente no ex-Palácio Episcopal, onde faleceu, considerado um dos mais bem equipados do Brasil e mais diversificado em peças raras e sacras. No dia “25 DE SETEMBRO DE 1959”, Sobral tornava-se órfão desse grande patrimônio sócio-religioso, cultural, político, moral, ético e puramente sobralense. Na mesma capela do Menino Deus, onde, em 23.02.1896, fez a lª Comunhão, seu corpo foi velado, à noite, em ataúde aberto para no dia seguinte, às 10 horas, com solene cortejo fúnebre, ser sepultado na Catedral da Sé, sob o piso da Capela do Santíssimo Sacramento, atendente às suas aspirações.

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2 Comentários:

Manoel Medeiros Machado disse...

Olá!
Tenho em minha casa uma fotografia muito antiga de Dom José que inclusive está assinada por ele.Sou casado com uma descendente da família Frota e pelo que sei seu bisavô chamava-se Josias Frota, médico na cidade de Sobral e irmão de Dom José. Gostariamos de saber a veracidade destas informações.
Desde já agradeço pelas informações.
Manoel Medeiros
mmmachado156@yahoo.com.br

Anônimo disse...

sou sobralence ,estou em recife ha 45 anos ,nunca esqueci sobral um so´dia. Sempre tive grande admiraçaõ por don jose´.

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